Pois bem, meu povo, hoje, mais
uma vez, estive nas ruas. Fiquei feliz ao me encontrar rodeada de milhares de
pessoas – é até difícil ter noção da proporção do ato porque não dava para
saber onde ele começava e onde terminava.
A polícia, desta vez, sabendo que
era impossível conter e dispersar a massa populacional por meio de bombas de
efeito moral sem causar uma tragédia (a correria inevitavelmente causaria a
morte de dezenas de pessoas pisoteadas pela multidão), estava contida. Ainda
assim, depois da experiência de ontem (relatada aqui: http://colacoloridaetesourasemponta.blogspot.com.br/2013/06/gigante-pela-propria-natureza.html
) fui com máscara banhada em vinagre, garrafa com água e bicarbonato de sódio,
casaco, luva, a coisa toda. É triste ter que se proteger de forma tão intensa
para exercer a sua cidadania.
A passeata, em si, foi pacífica e
sem maiores problemas – quando eu estava indo embora, alguns manifestantes se
dirigiram para a frente da alerj. Eu não estava lá, não vi o que aconteceu,
mas, ouvi o som das bombas e vi algumas dezenas de pessoas correndo na direção
contrária – mas, gostaria de comentar certos fatores que me entristecem.
A nossa luta é de todos. Desde
aqueles que se declaram apolíticos e vão de branco, pedindo paz, aos partidos
políticos que apoiam a causa. Nosso movimento engloba pacifistas e outros que
são comumente taxados de vândalos, quando, nem ao menos, percebemos que
vandalismo de verdade é aquele que o governo nos promove. Não estou aqui para
defender nem partidos nem pessoas que se manifestam de forma agressiva. Também
não quero depreciar os apolíticos. Eu, particularmente, me considero politizada
e acredito na resistência pacífica, mas, também não acho que não tomaria uma
postura mais agressiva para defender os meus direitos e os meus ideais, mas,
este não é o foco da coisa.
O foco é que, em uma passeata
imensa – e que tem força por o ser assim – e plural, os manifestantes me
pareceram muito pouco tolerantes com aqueles que não comungam exatamente das mesmas
ideias que eles. Em certo momento, parte das pessoas gritavam “sem partido” ou “oportunista”
para os grupos que carregavam bandeiras de partidos políticos que os
representavam; na internet, vi posts de ódio àqueles taxados de vândalos, com
pessoas alegando que este tipo de pessoa deveria ser pega pelos próprios
manifestantes e entregue à polícia.
Estas disputas internas tiram o
foco da luta e esvaziam o movimento; o moralismo que faz com que alguns achem
sua forma de protesto mais legítima que aquelas que transgredem as leis é a
base do argumento direitista para enfraquecer uma luta que está sendo tão bela.
Não se engane: a direita está
querendo se apropriar do nosso movimento e neste processo, usa de padrões
morais sedimentados em nossa sociedade para causar rachaduras em nossa muralha
ideológica. Eles querem enfraquecer e esvaziar as nossas manifestações.
Companheiros, lembrem-se que,
quando estamos nas ruas, estamos unidos em um mesmo propósito: se você não
gosta de depredação de patrimônio, vá embora mais cedo, não há mal nenhum nisso
– eu mesma o fiz, sabendo que as pessoas mais extremadas ficam até mais tarde e
que é normalmente aí que ocorre a confusão com a polícia. Se você acha que os
partidos estão se aproveitando das manifestações, não vote neles, simples
assim. E se você não quer ser confundido com alguma pessoa que transgrede as
leis, use uma camisa escrito “sem violência”. O que nós não podemos é estarmos
juntos apontando para os outros e dizendo que e eles estão errados e que não te
representam. Todos somos necessários para engrossar as fileiras de nossas
manifestações. Estamos crescendo, estamos nos fortalecendo. Não deixe que
diferenças na forma de agir nos desarticule.
A direita se mantém unida para
oprimir as minorias e isto só funciona porque as próprias minorias se veem
heterogêneas demais para se apoiarem. Estou com todos vocês. E espero que a
necessidade de nossa união para mudar o país supere estas diferenças. Juntos,
podemos mudar o Brasil! Vem pra luta!
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