Saturday, April 2, 2011

Ikki de Fênix

Só entende o inferno quem já esteve submerso nele; Quem desiste da nobreza em prol de um ódio que pode ser o único instrumento na escalada de volta a superfície da Terra. O ódio se torna aliado e alucinógeno. E companheiro. De mãos dadas com ele, entendi o meu papel no mundo.

Corpo forte, alma macia. Mas, me confrontei com o Espírito Diabólico. Não, não foi uma ilusão. Castigos físicos não superam castigos da alma: Sentir lava vulcânica correndo nas veias e dor pulsando no lugar do coração. Uma dor que crescia como um tumor; Que era doença e cura. Era a minha primeira morte.

Fênix. Ressurgir das cinzas é maldição mais do que dádiva. É ter a certeza de não encontrar o esquecimento; A paz. O poder, que aumenta a cada recomeço, é a chama do ódio que queima nos olhos; Que move o meu corpo. A minha podridão é a chave da ressurreição.

Eu sou um lobo solitário. Compreendo o amor, mas funciono melhor vivendo no vazio. É a sua ausência que me trás poder. Tento fugir do abismo que construí entre eu e a humanidade, mas quanto mais procuro pessoas, mais percebo que não fui feito para elas. Procuro companhia enquanto me afasto e, a cada vez que me conecto com alguém, perco um pouco de mim.

A minha essência queima. Eu, próprio, sou chama: Belo e destrutivo. Tendo a transformar tudo o que me cerca em cinzas. E, boa parte de mim, são só destroços. Mantenho uma fagulha acesa, fagulha que se torna incêndio e volta a ser fagulha. Eu não quero te queimar. Isso é amor: Aceitar meu ódio como parte de mim e viver distante do que idolatro para não percebê-lo destruído pelo que me tornei?

Distribuo ilusões que não se comparam com o inferno que queima em meu cosmo: Espírito Diabólico. Sou aquele que vive da morte e não consegue se livrar da vida. Meu castigo é lembrar minhas fraquezas todos os dias por todas as eternidades. Sou tormento: Corpo desabitado de alma. E, é por isso que sou um lobo solitário.

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